9 de março de 2015

'Volks-Che': uma réplica em miniatura do Porsche 904



Em apenas poucos anos de existência, a Porsche construíra uma sólida reputação nos quatro cantos do mundo, oferecendo a milhares de endinheirados a possibilidade de uma condução esportiva ímpar. Se assumir como um apreciador da marca já era algo banal na época, mas o que dizer de um trio que se dispôs a construir uma réplica de dimensões encurtadas de um Porsche que brilhava em competições como as 24 Horas de LeMans? Foi o que dois engenheiros e um funileiro de Porto Alegre fizeram quando decidiram materializar o apreço que os mesmos possuíam pela marca. O resultado é o 'Volks-Che' ─ ou pelo menos como foi apelidado ao aparecer em uma matéria da revista Quatro Rodas.

Originalmente batizado de projeto X-1, o pequeno esportivo foi construído em 15 meses pelos engenheiros Haroldo Dreux e Raimundo Alencar Castro e pelo funileiro Carlan Cordeiro ─ este último não chegou a ver o carro finalizado, pois falecera pouco tempo antes de vê-lo rodar nas ruas. Não havia intensões reais de produzi-lo em qualquer escala, pois era mais do que tudo um trabalho de satisfação pessoal. A fórmula do projeto era clássica: banhar a mecânica Volkswagen a ar com uma carroceria visualmente fora do comum.

A aparência se resumia a uma cópia miniaturizada e caricata do Porsche 904, mas relativamente bem executada a julgar pelas poucas fotos da época ─ o suficiente para se destacar nas ruas de uma época cuja frota era maciçamente marcada pela presença de Fuscas. O para-brisa era um pouco menos inclinado e o peso total tinha 50 kg a menos do que em relação a um Fusca. A altura um tanto rasteira dificultava o acesso ao interior, algo perdoável em um carro esportivo.


Tentativa de ganho de desempenho com preparação para 1.340 cm³ e 47 cavalos no motor Volkswagen.


Como os criadores ficaram desde o início com o desempenho do carrinho, eles decidiram fazer algumas alterações no motor de 1,2 litro, dentre as quais estavam: aumento do deslocamento para 1.340 cm³, aumento de 64 para 72 mm no tamanho do virabrequim, novo carburador, dois coletores de admissão e rebaixamento nas saias dos pistões. Revigorado, o motor agora rendia 47 cavalos de potência bruta a 3.900 rpm e o torque sofrera um acréscimo de 2,1 kgfm. A velocidade máxima era estimada em 140 km/h.

Na época estava em andamento o projeto de um motor próprio batizado de Especial e inspirado no do Volkswagen. Previa-se quatro cilindros opostos e aletados feitos em alumínio com camisas de aço, refrigeração a ar com as mesmas ventoinhas do Fusca, bloco de chapa de aço soldada e espaço para quatro comandos de válvulas. Componentes como pistões, pinos, anéis, bielas, válvulas, tuchos, sistema de ignição e carburação deveriam vir do FNM 2000 JK. O deslocamento deveria ser algo em torno dos 2.000 cm³ com potência bruta de 140 cavalos e taxa de compressão de 8,25:1. Infelizmente, esses planos só ficaram no papel.


Interior simples com volante e instrumentos do Fusca.


Os freios originais do Fusca foram redimensionados para maior eficiência e o caixa de direção havia ganhado um suporte para que as duas de suas barras ficassem do mesmo tamanho. O interior do carro era simples, mostrando os mesmos instrumentos de volante do Fusca, moldura do quadro de instrumentos de madeira e uma alavanca de câmbio exclusiva. Por possuírem bancos demasiadamente baixos, a acomodação de pessoas com estatura um pouco acima da média era um pouco difícil.

O projeto X-1 rendeu uma matéria na edição de setembro de 1966, número 74, da Quatro Rodas (que é justamente de onde vem essas fotos), sendo apelidado pela própria revista de 'Volks-Che'. Somente um carro foi construído e o mesmo existe até hoje, apesar de extremamente descaracterizado. De qualquer forma, mais uma história desenterrada!
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2 comentários:

  1. Olá amigo editor, sim existe até hoje e a história continua após o final de sua excepcional matéria. E, aposto que é tão bela quanto. Caso queira publicar pode fazer contato. Terei o maior prazer em compartilhar. Abraços Luciano Mantovani

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